sábado, 26 de novembro de 2011

Menina de tranças (poesia)

Redondilhas Brancas para uma Menina de Tranças

Menina de tranças,
dos olhos de amêndoas,
do rosto redondo,
que um dia eu vi,
sob uma mangueira,
num grande quintal,
na infância distante.

Menina de tranças
castanho‑escuras,
suas tranças me ataram
(sem que eu o notasse)
à alma que olhava
'través dos seus olhos
de amêndoas p'ra mim.

Menina de tranças,
que foi p'r'outras plagas
levando suas tranças,
deixando meus olhos
fitarem‑na indo,
sem saber se acaso
de novo a veriam...

Menina de tranças,
que em mim fez nascer
um sonho silente,
dormido no tempo,
enquanto os anos
andavam tão lentos,
e ela distante...

Menina de tranças,
após muitas quadras,
eu vi seu retrato:
seus olhos de amêndoas
olhavam p'ra mim,
fazendo acordar
meu sonho dormente;

menina de tranças,
suave sorriso
enchia de cores
seus olhos de amêndoas
e o rosto sem tranças,
que lá já nâo 'stavam,
na infância deixadas.

Menina de tranças,
metamorfoseada
em doce mulher,
saiu do retrato
e veio um dia
bem perto de mim.
Falou‑me.  E eu sorri.

Menina de tranças,
assim cativado,
um dia subimos
a mesma colina,
onde uma igrejinha
de nós escutou
as juras de amor.

......................................................

E a vida seguindo,
seguiste a meu lado,
bem junto de mim.
'Ind' hoje eu sorrio,
de amor inundado,
lembrando o dia
em que eras ainda...

menina de tranças...


                                                                                          A.C.W.C.de Azeredo

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