sábado, 26 de novembro de 2011

Eternidade (poesia)

Eternidade

Antes do tempo,
quando pretéritas e incontáveis eras
tombavam sobre pretéritas e incontáveis eras
(quando as eras nem mesmo ainda eram),
num como que incompreensível e imensurável tempo eterno antes do tempo:
Deus.
Só Deus.
Mais ninguém.
Mais nada.
Nem tempo.
Só Deus.
O tempo era então um sonho na mente de Deus.
Tão sonho quanto o tangível, quanto o visível.
Foi tudo antes,
muito antes do princípio,
quando nem sequer as amplidões
nem o princípio do pó do mundo
ainda haviam sido feitos.
Já lá estava, nesse antes,
a Sabedoria, arquiteto de Deus.
E ela viu os alicerces da Criação serem plantados,
os céus e as amplidões serem convocados à existência,
e os abismos e fontes e montes e outeiros virem a lume,
e o horizonte ser desenhado sobre o rosto do abismo,
e as nuvens carregadas de águas começarem a viajar sobre o firmamento,
e o tracejado do limite dos mares.
E ela contemplou o mundo habitável de Deus,
e folgou quando tudo ia sendo feito
e se deliciou quando viu os filhos dos homens.

Ó Deus,
que insondáveis, que inescrutáveis
são os teus caminhos...
Tudo isso é maravilhoso demais,
elevado demais,
para que eu o possa atingir...
Eu te louvo, Deus meu, Senhor meu,
pelo que és e por todas as obras de  tuas mãos.
E toda a tua Criação, em coro,
há de dar glória a teu majestoso nome,
na sucessão infindável dos séculos por vir,
quando então, semelhantemente ao que era dantes,
virá um imensurável tempo eterno após o tempo.
Tudo para tua glória.


                                                                                    A.C.W.C.de Azeredo

(Pv 8.22-31; Gn 1; Rm 11.33-36; Sl 139.6; Fp 2.10; Ap 22.5.)

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