DONA BRANCA
Branca, Alva, Jovem, a velha casa.
Atrás da robustez da grade, o jardim.
Atrás do canteiro, a gateira arejando o porão.
Atrás das ogivas azuis, reverendos pés-direitos.
Atrás da mansão vetusta, a umidade da sombra das copas que se prolongavam até o muro da divisa.
Firmeza no traço sobre a tábua da mesa. Vigor na voz limpa. Calor no olhar.
Desgaste no barco e no mar da tela do guarda-comida, no piso da sala, no chão dos degraus, nas portas, nos muros, em tudo.
A velha Jovem, na cozinha. Sempre envolta em mistério, invisível, a serviçal fiel.
Alva, no jardim e nas férias. (Embaixo das folhas rasteiras, a metamorfose dos pirilampos.)
Branca, na escada, em devaneios: "Múcio..., saraus..., piano a quatro mãos..., as Pedrinhas..., charretes..., tio Gil..., o mano Alfredo e o olho vazado...".
Eu, em pé no capacho, ao pé da escada, em reverência às cãs, olhando, escutando.
A.C.W.C. de Azeredo
Brasília, 16.1.81
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